City Cortex é um programa internacional, de raiz cultural, que explora a intersecção entre contextos urbanos contemporâneos e uma das matérias-primas mais versáteis e sustentáveis que a Natureza tem para oferecer: a cortiça. Percepciona a cidade como um organismo vivo e dinâmico, atendendo aos desafios urbanos do século XXI, onde temas como segurança, protecção, coesão social, conforto, fruição, participação, sustentabilidade e gestão de recursos são absolutamente essenciais.
Através das contribuições de arquitectos e designers reconhecidos internacionalmente, City Cortex visa a criação de projectos originais para espaços públicos e semi-públicos das mais diversas cidades. Tomando como ponto de partida desta pesquisa a área metropolitana de Lisboa, através da experimentação in situ, os participantes reinventam e testam as possibilidades de utilização da cortiça portuguesa e da respectiva indústria de transformação, excedendo os seus limites actuais.
Os estúdios convidados para dar início à pesquisa são Diller Scofidio + Renfro, Eduardo Souto de Moura, Gabriel Calatrava, Leong Leong, Sagmeister & Walsh and Yves Béhar.
City Cortex foca-se essencialmente em:
- Expandir as possibilidades de utilização de um material, sustentável e natural em contextos urbanos;
- Abrir caminho para uma maior consciencialização sobre a sustentabilidade no desenvolvimento das paisagens urbanas contemporâneas;
- Inspirar um pensamento inovador, marcado por ideias e intersecções que ofereçam um contributo positivo e útil à nossa vivência enquanto comunidade e interacção com o meio natural.
Para além de explorar o potencial da própria matéria, este programa procura também que a experiência do utilizador possa ser lúdica, oferecendo ao espaço urbano de uso comum a possibilidade de ser um playground, um espaço de interação multidisciplinar e multicultural.
City Cortex é produzido pela Amorim e conta com o apoio à produção da Artworks. Com curadoria de Guta Moura Guedes e desenvolvimento da experimentadesign, os resultados deste programa serão apresentados ao público no dia 6 de Junho de 2024 em Belém e na Trafaria. Em complemento é editado um livro sobre os projectos, que será lançado em Setembro de 2024 em Nova Iorque.
Cortex e City Cortex
A origem da palavra cortex encontra-se numa declinação do latim, significando casca ou cortiça. De forma mais abrangente, no universo da botânica, o cortex é o tecido mole ou rígido que encapsula uma planta ou árvore – a camada exterior que a protege. Este conceito foi também adaptado para a anatomia, representando a camada exterior de um órgão ou estrutura biológica, como os rins ou, na sua forma mais conhecida, o cérebro. Assim, o cortex posiciona-se, a todos os níveis, como a barreira protectora dos órgãos essenciais à sobrevivência de um organismo biológico, conferindo-lhe resistência e estabilidade.
As grandes metrópoles organizam-se, movem-se e funcionam a uma velocidade e complexidade que em muito se assemelha à actividade e composição neurológica do cérebro. City Cortex assume a cidade como um organismo vivo e dinâmico onde o espaço público e de utilização comum desempenha um papel fundamental nas relações sociais dos cidadãos. O planeamento do espaço público pode ser decisivo nas questões de segurança, promover a eficiência da mobilidade e da gestão dos grandes fluxos, de forma sustentável, através de uma utilização inteligente de recursos, dando resposta aos grandes desafios urbanos deste século. City Cortex procura também a componente lúdica desse espaço comum, assumindo a cidade enquanto playground, com o intuito de promover as relações inter-sociais, gerando memórias, referências e afectos.
Através de um material sensorialmente muito estimulante, City Cortex promove as relações cerebrais, emocionais e também as sociais. O programa transpõe estas ideias para o contexto urbano. Tal como no cérebro, são inúmeras as possibilidades de ligações na cidade, entre pessoas, com os espaços e do próprio pensamento criativo.